Cantores apostam na repetição de bordões e pedem registro junto ao INPI

Personagens tentam cativar o público repetindo um bordão engraçadinho atrás do outro. Poderia ser uma nova temporada da “Escolinha do Professor Raimundo”, mas é a geração atual da música pop brasileira.

As frases se repetem em todo canto: gravações de funk, shows de forró e pagode, redes sociais. Os bordões divertem e ajudam a moldar e popularizar as imagens dos cantores.

A piada virou negócio: bordões foram alvos de disputa no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), casos de “Cê acredita”, de Kevinho, e “Cebruthius”, da MC Loma. Outros, como “Vai, safadão”, tiveram registro aprovado em 2019. Há também pedidos recentes em análise de Simone & Simaria (“Chora não, coleguinha”) e Jerry Smith (“É o pique”).

A meta de transformar bordões em marcas registradas é séria. Wesley Safadão conseguiu no início de 2019 no INPI o registro de uso exclusivo de “Vai, safadão” em shows e gravações. Outra marca aprovada foi do DJ Perera, forte do funk de SP, que registrou seu carimbo “DJ Perera, original”.

Em 2017, a produtora GR6, que já foi ligada a Kevinho, tentou registrar a marca “Cê acredita”, mas o pedido não foi concedido e está arquivado. Isso aconteceu com o “cebruthius” da MC Loma, com um pedido negado a uma mulher chamada Maria Aparecida da Silva Martins.

Jerry Smith quer a propriedade da marca “É o pique” e o INPI analisa o pedido. Já Simone e Simaria contestaram a tentativa de registrar a expressão “chora não, coleguinha” por uma produtora de TV, e agora pedem o registro em nome da empresa delas.

O DJ Yuri Martins pediu ao INPI o registro em seu nome da frase “Yuri Martins produziu? Bum! Mais uma que explodiu”, de hits produzidos por ele.
“São tentativas de reforçar a proteção, já que o direito autoral não protege claramente o uso de expressões dentro das músicas, nem de seus títulos”, diz Daniel Campello, advogado e diretor da empresa ORB Music.


Fonte: g1.globo.com